Pimenta do Reino (Piper nigrum)


Nativa das florestas quentes do sudoeste da Índia, a Piper nigrum, conhecida como Pimenta Preta ou Pimenta do Reino, é a especiaria mais consumida e comercializada em todo o mundo. Pertencente à família Piperaceae, a mesma da Peperômia, a espécie é rica em história em todo o planeta não apenas pelo seu poder na culinária, mas também pela sua utilização medicinal.

Trepadeira que pode alcançar entre 5 a 10 metros de altura, a Piper nigrum possui folhas brilhantes que se alternam no caule. Suas inflorescências densas e delgadas apresentam cerca de 50 flores em cada uma, em tons que variam do branco ao verde. Ela inicia a produção dos frutos entre os 2 e 5 anos de idade, mas essa produção pode durar por até 40 anos. O fruto é a Pimenta que consumimos.

Plantação de Pimenta do Reino

A variação na cor da Pimenta depende da fase de colheita. Isso porque, quando se colhe o fruto na fase amarela ou vermelha, ele é descascado e a polpa é então macerada e o resultado fica com a cor branca. Por outro lado, os frutos nos tons escuros, entre o marrom e o preto, ficam com essa aparência quando são expostos ao sol: eles ficam ressecados e a casca passa a ficar mais escurecida.

Não ha uma definição exata de quando a Piper nigrum passou a fazer parte da dieta humana. Os registros mais antigos na Índia sobre o seu uso na alimentação datam do período entre 2000 a.C e 1500 a.C., mas há vestígios arqueológicos na Grécia que registram o seu uso já entre 4000 a.C a 3000 a.C.. De todo modo, uma coisa é certa: por onde passou, ela fez sucesso. No Egito, por exemplo, além do uso na alimentação, ela chegou até mesmo a fazer parte dos processos de mumificação.

A Pimenta do Reino chegou a fazer parte dos processos de mumificação no Egito Antigo

Além do seu sabor picante, gerado por uma substância alcalóide chamada piperina, o sucesso da Piper nigrum também está ligado às suas muitas propriedades anti-inflamatórias, anti-oxidantes, cicatrizantes e termogênicas. Desse modo, ela foi usada no tratamento de diversas doenças ao longo da Ásia, da Europa e da África. Uma delas é a diabetes: isso porque a Pimenta do Reino apresenta capsaicina, um composto que ajuda a controlar a liberação de insulina no sangue, equilibrando os níveis de glicose.

Por tudo isso e por ainda resistir às longas viagens de navio, ajudando a conservar e a disfarçar o sabor dos alimentos – visto que muitos estragavam pelo caminho -, a Pimenta do Reino era chamada de “Ouro Negro”. Na Grécia e na Roma antigas, por exemplo, ela chegou a ser usada como moeda no pagamento de tributos. Na Idade Média e na Idade Moderna, essa prática se repetiu em outras regiões, em especial na Rota da Seda, caminho marítimo que liga o Extremo Oriente à Europa.

A Pimenta do Reino era valiosíssima por ajudar a conservar e disfarçar o sabor dos alimentos no contexto das navegações

Durante o período da Idade Média, Veneza e Gênova eram hegemônicas no domínio da distribuição da especiaria. No entanto, a partir do século 15, com as Grandes Navegações, os reinos de Espanha e Portugal passaram a ter grande protagonismo no comércio da Piper nigrum. Inclusive, ela ficou conhecida no Brasil como “Pimenta do Reino” porque chegava aqui a partir “do Reino” de Portugal.

Falando no Brasil, o país é um dos maiores exportadores da Pimenta do Reino. A cultura da espécie começou na Bahia, seguida de Maranhão e Paraíba, mas foi no Pará que ela ganhou maior escala, onde foi introduzida  por imigrantes japoneses na década de 1930. Desde então, ela é um importante suporte econômico tanto para grandes quanto para os pequenos produtores nacionais: atualmente, Brasil, ocupa o 2º lugar das exportações, com 15% desse mercado, atrás apenas do Vietnã.


  • Principais nomes populares: Pimenta do Reino
  • Reino: Plantae
  • Filo: Streptophyta
  • Classe: Equisetopsida
  • Subclasse: Magnoliidae
  • Ordem: Piperales
  • Família: Piperaceae
  • Gênero: Piper
  • Espécie: Piper nigrum
  • Origem: Índia
  • Nativa no Brasil: Não

Referências


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